Você sabe quem foi Joaquim José da Silva Xavier?
Ele foi um minerador, militar e dentista mineiro que,
aborrecido com a falta de reconhecimento por seus esforços no Exército, acabou
se unindo a um grupo de livres pensadores durante o Brasil Colonial e arquitetando
uma conspiração: a Inconfidência Mineira. Desde aquela época até hoje, ele se
tornou mais conhecido como Tiradentes.
Sua história, em menor escala, chega a lembrar a do
soldado inglês Guy Fawkes, mártir da Conspiração da Pólvora e figura que
inspirou o protagonista da obra ‘V de Vingança’.
Contudo, ao contrário do movimento de Fawkes, que visava
atingir a toda a Inglaterra, a Inconfidência Mineira tinha um teor mais
bairrista. Basicamente o que se esperava era a independência de Minas Gerais do
Brasil, que na época era controlado pela Coroa Portuguesa.
A conspiração separatista jamais chegou a acontecer e
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi preso junto com outros
conspiradores e enforcado no dia 21 de Abril de 1792.
Ironicamente, a data de descobrimento do Brasil é no dia
seguinte, 22 de Abril.
A primeira pergunta que fica é por que se dá mais valor a
um movimento de cunho separatista que abrangia apenas Minas Gerais do que à
data de descoberta do próprio país, em 1500?
Claro que a imagem de Tiradentes bem como os ideais dos
inconfidentes inspiraram, muito tempo depois, o Movimento Republicano que
derrubou a monarquia. Mas isso não torna a morte de um mártir mineiro motivo
para um feriado nacional?
A segunda pergunta é: porque a Inconfidência Mineira – um
movimento separatista e com princípios inspirados na Independência dos Estados
Unidos, mas favorável à escravidão – tem o peso nacional de ‘um ato de suma
importância para o Brasil’ (o que não foi) e a Farroupilha – que também foi um
movimento separatista no qual uma das principais reivindicações era justamente
abolir a escravidão do sul do Brasil – é vista como algo sem importância?
De forma alguma a nobreza do mártir Tiradentes deve ser
desmerecida, pois apesar de traído, ele jamais traiu seus companheiros. O que
deve ser repensado é a importância desta data exclusivamente mineira para o
resto do país.
Será que um mártir separatista merece mais um feriado
nacional do que a data na qual o próprio país foi descoberto? Creio que não.
Mas isso é apenas mais um triste e torpe exemplo do
quanto a representatividade política – muito mais frequente no Sudeste, no Nordeste
e no Norte do que no Sul – interfere nas coisa mais ínfimas do nosso cotidiano.
Inclusive na escolha de feriados.
Talvez, como já diria Juca Chaves, a solução para o
Brasil fosse enrolá-lo em um jornal, devolver à Portugal e depois pedir perdão.
Pelo menos a data serviu para que o Exército Brasileiro –
cujo maior representante estranhamente se tornou o próprio Tiradentes – tenha uma
semana de reconhecimento. Abaixo algumas fotos da apresentação da banda do 23º
Batalhão de Infantaria de Blumenau nesta sexta-feira (20/04) no Shopping
Neumarkt.
A questão é que o Brasil nunca foi descoberto nesta data, nem em outra, foi um erro de cálculo dos navegantes...mas que se comemore então o fato nesta data, pois isto é o que menos importa. Quanto à apresentação da banda do Batalhão, foi linda, irretocável, mas num lugar nada adequado...não se podia nem tomar um café e conversar, porque como podem colocar a banda bem no meio do shopping, sabendo do potencial sonoro que ela tem? Confesso que não sabia do evento, e chegando lá, comprei o que tinha que comprar e saí rapidinho, pois o som era insuportavelmente alto.
ResponderExcluir