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domingo, 8 de abril de 2012

O significado da Páscoa



Desde a Antiguidade os povos costumam celebrar o Equinócio da Primavera: época na qual o Sol está perfeitamente alinhado em ambos os lados do planeta e que costuma ocorrer por volta do dia 21 de Março no Hemisfério Norte.

Desde os egípcios aos gregos, esse costume sempre foi uma das mais fortes tradições da humanidade.

Geralmente essas civilizações comemoravam a data fazendo oferendas a deusas da fertilidade – como Ishtar, Ostara, Deméter, Céres ou Eostre – para que as colheitas daquele ano fossem fartas e as presas estivessem abundantes para os caçadores.

A iconografia mitológica representa a maioria dessas divindades como belas mulheres segurando um ovo, sendo que ambos significam renovação e renascimento. A deusa nórdica Eostre era, por exemplo, representada segurando um ovo e apreciando uma lebre. Os sacerdotes acreditavam que enterrar um ovo fertilizava o solo para colheitas futuras e que olhar as entranhas de uma lebre predizia o futuro, de onde surgiu os versos: “Lebre de Eostre/ Qual sorte tuas entranhas me trazem?” (este, séculos mais tarde, inspiraria a popular e mundialmente conhecida cantiga ‘Coelhinho da Páscoa’).

Por volta do século XIV a.C. ocorreu o Êxodo, que foi a libertação do povo judeu do cativeiro imposto a ele pelos egípcios, cuja figura principal é Moisés.

A Tanakh – a bíblia judaica da qual faz parte, por exemplo, a Torá – conta a luta de Moisés contra um faraó não-identificado (que pode ter sido Ramsés, Ahmose, Tutmés III ou nenhum deles) para libertar seu povo do cárcere egípcio e guiá-los à Terra Prometida. Segundo o texto, depois de enfrentar 10 pragas enviadas pelo Deus de Abraão o faraó os deixou partir.

Em Êxodo 12,14 da bíblia judaica, ficou instituído o Pessach (ou, ‘passagem’): “Conservareis a memória daquele dia celebrando-o como uma grande festa em honra de Adonai; Fareis isto de geração em geração, pois é esta uma instituição perpétua”.

Data celebrada, segundo a tradição, há 3.500 anos, o Pessach costuma acontecer em 14 de Nissan, data do Calendário Judaico que coincide com o início da Primavera no Hemisfério Norte.

Já no ano 33 da Era Comum ocorreu a ressurreição de Cristo, na mesma época.

Muitos historiadores crêem que a última ceia era, na verdade, a celebração do Pessach por Jesus e seus discípulos, o que faz muito sentido por ele ser judeu.

Preso nesta mesma noite por uma provável traição de Judas Iscariotes, Jesus não pôde ser julgado devido à Corte Judaica não poder se reunir durante o Pessach e a Lei Romana proibida que se condenasse um homem à morte durante essa celebração. Então Jesus ficou na casa do sumo sacerdote Caifás e depois, ao afirmar ser filho de Deus, foi condenado por blasfêmia.

Os líderes judeus então levaram Jesus até Pôncio Pilatos – governador da província romana da Judéia – e exigiram que ele condenasse Jesus por alegar ser rei dos judeus, pois caso não o fizesse, Pilatos poderia ser acusado de estar traindo Roma.

Pelo fato de Jesus ser galileu, o governador da Judéia o mandou para que Herodes Antipas, governador da Galiléia, o julgasse. Herodes caçoou de Jesus e o devolveu a Pilatos trajado de rei.

Como era comum os governantes romanos darem liberdade a prisioneiros judeus na época do Pessach, Pilatos colocou lado a lado Jesus e Barrabás – segundo a tradição cristã – e deixou o povo decidir qual dos dois seria libertado. Barrabás foi o escolhido e Jesus, o condenado.

Após esse episódio conhecido como ‘Ecce Homo’, Jesus Cristo fora flagelado e crucificado entre dois ladrões, sendo morto no final pela lança de São Longino.

Após a execução de Jesus Cristo, em uma sexta-feira, José de Arimatéia e Nicodemos recolheram o corpo do filho de Maria e o levaram para um túmulo recém-aberto, envolvendo-o em um sudário e fechando a entrada com uma pedra.

No domingo – exatos quarenta dias depois do Carnaval (festa essa comemorada pelos gregos desde o século V a.C.) – Maria Madalena fora ao túmulo de Jesus, encontrando sua entrada aberta e o local vazio. Cristo, segundo a crença cristã, havia ressuscitado, aparecendo primeiro para ela e Pedro Simão.

O livro de Atos dos Apóstolos afirma que Jesus continuou aparecendo aos seus discípulos por quarenta dias para terminar seus ensinamentos antes de sua ascensão.

Desde então, a tradição cristã passou a considerar o período como a época da ressurreição de Cristo.

O nome da época pode ser de origem latina (Páscoa em português, Pascua em espanhol, Pâques em francês, Páscha em grego, Pasqua em italiano, Paşti em romeno ou Paskha em russo), que advém da festa judaica Pessach. Também há os nomes que provém de origens anglo-saxãs (Easter em inglês ou Ostern em alemão), que podem se referir à deusa da fertilidade Ishtar, venerada pelos acádios e transformada em Easter pelos nórdicos.

Já as lebres (ou coelhos) sempre foram um símbolo da Primavera para os europeus, assim como os ovos representavam a fertilidade e o recomeço de tudo.

Quando os cristãos começaram a celebrar a sua Páscoa, resolveram adotar elementos da cultura pagã (como também o fizeram com a cultura judaica) para popularizar sua fé. Assim os ovos voltaram a ser usados como tradição da época, como acontecia muito antes de Cristo.

Essas tradições – que costumavam consistir de ovos coloridos – eram comuns na Europa Oriental e chegaram à Inglaterra através do rei Eduardo I, que oferecia ovos banhados em ouro aos seus súditos preferidos no século XII.

Na França do século XVII o rei Luís XIV iniciou um costume de presentear pessoas com ovos artificiais nessa época, tornando a prática bastante cultuada.

Assim como isso inspirou o joalheiro russo Peter Carl Fabergé na concepção de suas magníficas jóias em forma de Ovos de Páscoa a partir de 1885, pâtissiers (doceiros) franceses começaram a confecção rudimentar de ovos de galinha recheados de chocolate, até que a tecnologia permitiu a criação de ovos totalmente feitos do doce e com diversos recheios.

Seja para os pagãos que esperavam boas colheitas, os judeus que celebravam sua liberdade ou os cristãos que comemoravam a volta do seu mestre, essa época é um momento de transformação.

De qualquer forma, mesmo que essa data seja comemorada apenas por religiões judaico-cristãs e culturas pagãs – e independente de você ser católico, evangélico, judeu, espírita, budista, xintoísta, islâmico ou ocultista – qualquer momento é oportuno para transformação.

O Verão acabou, o Outono veio para nós do Hemisfério Sul e com ele as folhas secas começam a se espalhar pelo chão, na espera do Inverno que virá. E mesmo que as flores não estejam no cume de seu esplendor, logo virá a Primavera e elas voltarão a desabrochar, enchendo a cidade de cor, vida e aroma. Essa é a natureza provando que a vida é transformação, mas que exige paciência: as folhas que estão caindo, precisarão esperar o Inverno passar para voltar a nascer.

E é nesse espírito que a Equipe do BLUMENEWS deseja a você – independente da sua crença – uma ótima Páscoa ou, pelo menos, um período positivo de transformação.

Abaixo algumas fotos da procissão que ocorreu na Catedral sexta-feira (06/04).


















































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