Tem apenas uma coisa mais deprimente do que políticos que
mandam cartões virtuais de aniversário com sua própria foto para amigos em
redes sociais: pessoas comuns que sequer são publicamente conhecidas que fazem
o mesmo, imitando descaradamente.
Não tem como não rir de um ilustre desconhecido qualquer
que publique em sua timeline do Facebook ou scrapbook do Orkut uma imagem amadoramente
feita no Paint de um pretenso cartão de aniversário com dizeres batidos – e muitas
vezes mal elaborados – que contenha assinatura e foto do remetente (isso quando
a foto não inclui a família toda).
Um artista – seja ele do teatro, televisão, música, dança
ou até mesmo modelo – pode (e até deve) usar de sua imagem, pois ela é um
reflexo do seu próprio trabalho.
Um político não.
O que define o grau de proximidade de um parlamentar com
seus eleitores é justamente a retidão que este mantém no cumprimento de suas
promessas e deveres. Mandar cartão com foto é, além de patético, uma afronta à
inteligência do povo.
Mas se tal ato de demagogia populista já é digno de
piadas vindo de um político – que é uma pessoa pública – é ainda pior quando
parte de um desconhecido que almeja um cargo eletivo.
Nesses tempos que antecedem as eleições para a prefeitura
brotam os oportunistas pelas redes sociais, movimentos políticos, protestos e
manifestações. Estes geralmente se mostram engajados e criticam duramente
parlamentares, omitindo dos seus incautos amigos suas reais intenções de também
fazer parte do Plenário.
Populares membros de comunidades com pouca instrução,
ex-lideres estudantis com pouca experiência e profissionais com pouco caráter são
o que mais surge nessa época onde todos fingem criticar aquilo com o qual a
maioria espera lucrar.
Desde indivíduos que se aproveitam de estudantes
indignados, cidadãos que se pintam de patriotismo para criticar parlamentares
de siglas opositoras à sua e pessoas que unem pequenos grupos de cidadãos
conscientes tentando lográ-los com falsas promessas de mudanças, pífias
propostas revolucionárias e atitudes efusivas que desfocam a atenção de suas
reais intenções, geralmente pouco confiáveis ou nada louváveis.
Isso não significa que não haja bons candidatos.
Aqueles que evitam os movimentos públicos nessa época
abrindo mão dos benefícios que o populismo traz em relação aos eleitores menos
esclarecidos são exemplos de bons candidatos. Estes geralmente têm sua
candidatura publicamente conhecida há tempos.
Em contrapartida, o indivíduo que prometeu pessoalmente
ajudar você, aquele que chamou todos os parlamentares de corruptos sem ter uma
razão específica, o agitador que pagou do próprio bolso os gastos de uma
manifestação assumindo sua liderança, o manifestante que decidiu começar um
movimento de contestação pública se escondendo atrás de estudantes, o
revolucionário que reclama do Poder simplesmente por não tê-lo e o carismático
sujeito que liga seu nome a uma instituição (seja uma escola, uma igreja ou o Corpo
de Bombeiros) possivelmente vai ser mais um daqueles políticos vigaristas a
quem ele mesmo critica.
Então, quando for votar, não vote no cara que surgiu de
repente. Nem naquele que prometeu o que podia e não podia. Tampouco no falso
patriota. Na verdade, não vote em pessoas, vote em propostas. Pessoas se
desvirtuam, propostas são compromissos fixos.
A importância de saber votar – de votar em boas propostas
e não em demagogia barata – é a garantia de não precisar passar mais quatro
anos reclamando.
Se você receber um cartão de aniversário de um artista
contendo sua foto, que bom: ele se importa com você. Se você receber o mesmo de
um político, cuidado: ele quer o seu voto. Mas se receber a mesma coisa de uma
pessoa qualquer, saiba: eis alguém que pretende algo para o qual vai precisar
de você sem dar absolutamente nada em troca a você ou a comunidade.
Populismo oportunista e demagógico: seria ridículo se não
fosse tão patético.
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