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sábado, 28 de abril de 2012

Feliz aniversário, eleitor!



Tem apenas uma coisa mais deprimente do que políticos que mandam cartões virtuais de aniversário com sua própria foto para amigos em redes sociais: pessoas comuns que sequer são publicamente conhecidas que fazem o mesmo, imitando descaradamente.

Não tem como não rir de um ilustre desconhecido qualquer que publique em sua timeline do Facebook ou scrapbook do Orkut uma imagem amadoramente feita no Paint de um pretenso cartão de aniversário com dizeres batidos – e muitas vezes mal elaborados – que contenha assinatura e foto do remetente (isso quando a foto não inclui a família toda).

Um artista – seja ele do teatro, televisão, música, dança ou até mesmo modelo – pode (e até deve) usar de sua imagem, pois ela é um reflexo do seu próprio trabalho.

Um político não.

O que define o grau de proximidade de um parlamentar com seus eleitores é justamente a retidão que este mantém no cumprimento de suas promessas e deveres. Mandar cartão com foto é, além de patético, uma afronta à inteligência do povo.

Mas se tal ato de demagogia populista já é digno de piadas vindo de um político – que é uma pessoa pública – é ainda pior quando parte de um desconhecido que almeja um cargo eletivo.

Nesses tempos que antecedem as eleições para a prefeitura brotam os oportunistas pelas redes sociais, movimentos políticos, protestos e manifestações. Estes geralmente se mostram engajados e criticam duramente parlamentares, omitindo dos seus incautos amigos suas reais intenções de também fazer parte do Plenário.

Populares membros de comunidades com pouca instrução, ex-lideres estudantis com pouca experiência e profissionais com pouco caráter são o que mais surge nessa época onde todos fingem criticar aquilo com o qual a maioria espera lucrar.

Desde indivíduos que se aproveitam de estudantes indignados, cidadãos que se pintam de patriotismo para criticar parlamentares de siglas opositoras à sua e pessoas que unem pequenos grupos de cidadãos conscientes tentando lográ-los com falsas promessas de mudanças, pífias propostas revolucionárias e atitudes efusivas que desfocam a atenção de suas reais intenções, geralmente pouco confiáveis ou nada louváveis.

Isso não significa que não haja bons candidatos.

Aqueles que evitam os movimentos públicos nessa época abrindo mão dos benefícios que o populismo traz em relação aos eleitores menos esclarecidos são exemplos de bons candidatos. Estes geralmente têm sua candidatura publicamente conhecida há tempos.

Em contrapartida, o indivíduo que prometeu pessoalmente ajudar você, aquele que chamou todos os parlamentares de corruptos sem ter uma razão específica, o agitador que pagou do próprio bolso os gastos de uma manifestação assumindo sua liderança, o manifestante que decidiu começar um movimento de contestação pública se escondendo atrás de estudantes, o revolucionário que reclama do Poder simplesmente por não tê-lo e o carismático sujeito que liga seu nome a uma instituição (seja uma escola, uma igreja ou o Corpo de Bombeiros) possivelmente vai ser mais um daqueles políticos vigaristas a quem ele mesmo critica.

Então, quando for votar, não vote no cara que surgiu de repente. Nem naquele que prometeu o que podia e não podia. Tampouco no falso patriota. Na verdade, não vote em pessoas, vote em propostas. Pessoas se desvirtuam, propostas são compromissos fixos.

A importância de saber votar – de votar em boas propostas e não em demagogia barata – é a garantia de não precisar passar mais quatro anos reclamando.

Se você receber um cartão de aniversário de um artista contendo sua foto, que bom: ele se importa com você. Se você receber o mesmo de um político, cuidado: ele quer o seu voto. Mas se receber a mesma coisa de uma pessoa qualquer, saiba: eis alguém que pretende algo para o qual vai precisar de você sem dar absolutamente nada em troca a você ou a comunidade.

Populismo oportunista e demagógico: seria ridículo se não fosse tão patético.

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