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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Finda a greve dos servidores públicos de Blumenau



Mais de dois mil servidores públicos de todos os setores – tendo desta vez a participação até da Guarda de Trânsito – se reuniram na praça em frente à prefeitura na terça-feira (03/04) para reivindicar direitos e protestar contra a inércia da atual administração pública.

Entre suas reivindicações estava o aumento pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do período além de um acréscimo de ganho real para minimizar as perdas salariais que, segundo os cálculos do SINTRASEB, chegam a 32%. Outra exigência da classe era o aumento do vale-alimentação dos atuais R$ 10,00 para R$ 15,00.

Contudo, na tarde daquele mesmo dia, os servidores decidiram em assembléia entrar em greve.

Nesta quarta-feira (04/04) a greve já havia fechado 35 CEI (Centros de Educação Infantil), 18 Postos de Saúde e cinco escolas, sendo que 14 CEI e quatro escolas tiveram atendimento parcial. A Guarda de Trânsito – que pela primeira vez fez parte do movimento – contou com 40 agentes que também aderiram ao estado de greve. Cerca de 1.800 pessoas estiveram em frente à prefeitura durante todo o dia esperando a postura dos membros do Executivo.

Uma comissão da Câmara dos Vereadores, formada por Deusdith de Souza (PP), Fábio Fiedler (PSD), Helenice Luchetta (PSDB), Marcelo Schrubbe (DEM) e Vanderlei de Oliveira (PT) tentou mediar o diálogo entre ambos os lados em reuniões que tomaram boa parte da tarde.

Por volta das 18h o Executivo enviou uma proposta aos servidores na qual acatava o aumento salarial pelo INPC variando de 6% a 11,5% dependendo da categoria, além de um aumento real, sendo maior para servidores com salários menores (por exemplo, a Categoria 1). Em relação ao vale-alimentação ficou acordado que o valor seria aumentado para R$ 12,00.

Foi votado em assembléia e, para o desgosto de muitos, a proposta da prefeitura foi aceita.

Apesar do claro descontentamento de boa parte dos servidores (o contraste entre os que acatavam a proposta da prefeitura e os que não queriam acatar era muito pequeno), essa foi uma decisão democrática. Claro que a Democracia não é uma forma confiável de escolha – Fernando Collor de Mello é uma prova viva disso – mas é o Sistema sob o qual todos vivemos.

Piorando a situação dos servidores, depois do dia 7 de Abril começa o período eleitoral e fica vetado qualquer diálogo em relação a questões salariais para evitar que políticos oportunistas se valham disso em campanhas repletas de falsas promessas. Entretanto, sexta (06/04) é feriado e, dessa forma, os servidores foram obrigados a decidir sob pressão. E a decisão desagradou muitos, especialmente a Guarda de Trânsito, que se decepcionou com o resultado.

No entanto, apesar de não ser permitido nenhum tipo de manifestação de cunho econômico no período que antecede as eleições, é permitido haver discussões de cunho social.

Exigências como Planos de Carreira e a aplicação integral da Lei do Piso Salarial do Magistério que são reivindicadas pelos servidores e sequer foram consideradas pela prefeitura, ainda podem – e devem – ser conquistadas através de negociações.

Ouvindo as pessoas, soubemos de problemas sociais que vão muito além dos citados acima: professores que precisam comprar com seus próprios salários os jalecos que usam, médicos que não recebem da prefeitura sequer luvas, superlotação de creches e o absurdo da falta de seringas, que não têm sido entregues nos Postos de Saúde. Esses são alguns dos mais periclitantes exemplos de descaso público com os servidores e toda a população blumenauense.

É importante lembrar que essa greve – que acabou na quarta-feira – não tinha apenas o objetivo de aumentar salários, mas principalmente de trazer mais dignidade aos locais de trabalho e melhores condições de atendimento para toda a comunidade.

Porém a prefeitura não se importa, como o prefeito João Paulo Kleinübing mostrou ao sequer se manifestar a respeito. Possivelmente está fazendo algo que julgue mais importante sem perceber que deixar que um Secretário cuide disso sem nenhuma interferência direta dos gabinetes principais, além de denotar descaso, denuncia incompetência.

O Secretário de Administração, Fernando Lenzi – que foi quem cancelou a reunião com os servidores na terça-feira – mandou a eles um recado bastante coativo: se quisessem mudar os valores de alguma coisa, ele teria que desvalorizar alguma outra coisa para isso.

Pois bem, secretário, a resolução para a equação que o senhor mesmo criou é muito simples: ao invés de retirar esse valor a mais dos salários ou benefícios dos servidores, retire da folha de pagamento dos cargos mais altos da prefeitura ou mesmo das contas superfaturadas que todos sabem que existem. Se houve dinheiro para dar 33% de aumento para os vereadores – que geralmente fazem bem menos que os demais cidadãos – então somos levados a crer que aumentar 6% nos salários dos servidores só pode ser uma piada de mau gosto.

Talvez o problema não seja falta de dinheiro, mas sim de vergonha na cara.

Ironicamente, enquanto professores, guardas e demais profissionais precisam fazer greve para praticamente implorar por direitos que lhes são garantidos por lei, vereadores se reúnem secretamente e aumentam os próprios salários em 33%.

Ambos são servidores públicos: qual é a diferença? Para o primeiro grupo a prefeitura alega não ter dinheiro para os aumentos e para o segundo, nem foi cogitada a inviabilidade.

Mas o final da greve não significa o final dos protestos. Então, fique atento.

E quanto ao excelentíssimo prefeito, fica um conselho: o senhor deveria vir mais vezes visitar Blumenau. Podemos até não ter praias, como tem o Norte da Ilha, em Florianópolis, mas temos uma cidade adorável com eventos turísticos que atraem centenas de pessoas.

Esperamos que pelo menos prestigie um pouco mais a cidade que o elegeu!



















Um comentário:

  1. OLHEM TENHO 17 ANOS DE PROFISSÃO,DE DEDICAÇÃO AO MEU TRABALHO,FUI AO MANIFESTO ESSA SEMANA,CONTRA A VONTADE DE ALGUNS,MAS QUEM ME INTERESSA ME APOIA, QUE É MEU FILHO E MEU MARIDO,QUE SABEM DA MINHA LUTA E DEDICAÇÃO E AMOR AO QUE FAÇO.NO FINAL DO DIA 04, COM TODA ESSA DECEPÇÃO E TODO O CANSAÇO PEGUEI UM ÔNIBUS LOTADO E DENTRO DELE OUVINDO::ESSAS PROFESSORAS TIRAM DINHEIRO DA SAUDE PROS BOLSOS DELAS,PRA COMPRAREM CARROS NOVOS ,PRA IREM PRA PRAIA NOS FERIADOS PROLONGADOS,ENQUANTO A GENTE TEM QUE TRABALHAR E ANDAR DE ÔNIBUS.TIVE VONTADE DE CHORAR,DIGO A VCS,POIS COM 17 ANOS DE PROFISSÃO,,OTIMA QUALIFICAÇÃO,ESTUDOS, E TUDO MAIS NÃO TENHO CARRO,POIS MINHA RENDA NÃO COMPORTA TAL LUXO,TEMOS UMA MOTO QUE MEU MARIDO E MEU FILHO AJUDAM A PAGAR TODO MES AS PRESTAÇÕES,QUE SÃO EM 48 VEZES.PENSEM BEM POVO DE BLUMENAU,VCS ESTÃO SENDO LOGRADOS,NÃO PELOS PROFESSORES,MAS PELOS POLITICOS QUE COLOCAMOS NO COMANDO DO NOSSO DINHEIRO.MAS NÃO ME ARREPENDO DA ESCOLHA DA PROFISSÃO QUE FIZ.AMO MEUS ALUNOS,E VEJO ELES CRESCENDO E SE LEMBRANDO DE MIM COM CARINHO.EU FAÇO A DIFERENÇA.ABRAÇOS A TODOS QUE AMAM O QUE FAZEM.

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