A Farra do Boi foi trazida a Santa Catarina pelos
imigrantes açorianos há mais de dois séculos e sua origem – bem como simbologia
– permanecem desconhecidas.
Alguns crêem que o boi represente alegoricamente Satanás
ou Judas Iscariotes, sendo que torturá-lo livraria os praticantes de tal ato –
geralmente moradores de comunidades pesqueiras – de todos os seus pecados.
Contudo, o único pecado que se vê aqui é o praticado contra esses animais, que
geralmente precisam ser sacrificados depois da ‘farra’.
Em 3 de Junho de 1997 o Supremo Tribunal Federal proibiu
a prática dessa tradição desumana e ignorante em território catarinense através
do Recurso Extraordinário Nº. 153.531-8/SC; RT 753/101 na Ação Civil Pública de
número 023.89.030082-0.
Mas nem a criminalização desta prática a parece ter
coibido.
Só em 2011 houve 235 registros desse crime, sendo: 64 em
Governador Celso Ramos e 49 em Florianópolis. Doze pessoas foram presas no
mesmo ano por essa prática, sendo: cinco em Navegantes, três em Bombinhas, duas
em Itapema, uma em Florianópolis e uma em Porto Belo.
A Justiça – no artigo 32 do capítulo V da Lei Federal N°.
9.605 de Fevereiro de 1998 prevê detenção de três meses a um ano, além de
multa, aos praticantes dessa ‘tradição’.
Mesmo assim a Farra do Boi continua a acontecer ao ponto
que, em 2007 o município de Governador Celso Ramos teve a hedionda cara de pau
de criar um Projeto de Lei regularizando a Farra do Boi e a tornando patrimônio
cultural. O projeto ainda mudava o nome de ‘Farra’ para ‘Brincadeira’ e fingia
se preocupar com a integridade física do animal. Mas não demorou muito para que
o Supremo se manifestasse e cortasse essa palhaçada.
Contudo, a Farra não acabou. Nesse final de semana voltou
a acontecer e justamente nessa cidade que, aparentemente, julga maus tratos aos
animais como cultura.
A Polícia Militar interveio durante esse feriadão e foram
necessárias três horas para conseguir conter o animal – nervoso e assustado – e
da ajuda de um tipo de trator, pois o efetivo policial local não conta com
caminhões boiadeiros.
Anteriormente – na mesma cidade intervindo na prática do
mesmo crime – cerca de 20 policiais foram obrigados e entrar em confronto com
os farristas que pareciam não estar dispostos a reconhecer a autoridade
policial e sequer deixavam que os agentes se aproximassem do animal. Foram
necessárias munições não-letais e armas químicas.
O animal teve que ser sacrificado, pois estava ferido
demais.
E para os que acham que esse linchamento animal é
organizado por pescadores que tentam manter uma antiga tradição que sequer
sabem o que significa, vai uma informação:
um dos líderes da Farra – que atende sob a irônica alcunha de Reto – é acusado
de envolvimento com o tráfico de drogas e pode estar usando a dita ‘farra’ em
razão disto.
Enfim: o fato é que animais estão sendo torturados por
pessoas que podem estar usando isso como facilitador para o tráfico de drogas e
a prefeitura de uma cidade ainda deseja legalizar esse ato. Realmente,
Governador Celso Ramos, a vergonha de Santa Catarina é você!
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