É de se esperar que as pessoas – vivendo em uma
civilização – se portem de maneira, pelo menos, civilizada. Infelizmente,
quando o assunto é política, o que vemos é o oposto.
Na noite dessa segunda-feira (20/02) um dos mais atuantes
membros da Marcha contra a Corrupção de Blumenau postou um comentário em um dos
muitos fóruns acerca do assunto que existem pela internet no qual aponta um
Projeto de Lei de um vereador blumenauense como eleitoreiro e chama a atenção
das pessoas para tomarem cuidado com isso.
Aqui, nesse espaço, não há razões para citar o nome do
denunciante ou mesmo o do vereador. Pelo mesmo motivo não citarei o Projeto de
Lei, afinal, com isso ficaria fácil identificá-lo e tirar conclusões
precipitadas de ambos os lados.
Apenas saliento que o projeto tem, sim, fundamento e visa
devolver a uma classe um direito que foi derrubado por uma Lei Federal. Por
outro lado, também há o costume parlamentar de mostrar serviço em ano de
eleição, principalmente quando se almejam cargos maiores. Não afirmo aqui que
qualquer um dos dois envolvidos seja exemplo disso.
Esse texto tem outro foco: a civilidade.
Foram quase 140 comentários em resposta ao que o rapaz
escreveu e poucos deles – quase nenhum – se ateve ao perigo do oportunismo
eleitoreiro. A maioria era de defesa partidária ou de agressões pessoais contra
membros do fórum.
E tudo começou quando um menor, M.T.D. (17 anos) –
assumidamente subalterno do vereador em questão – entrou no debate acusando
arbitrariamente o autor da postagem de escrever a denúncia por ter interesse em
se candidatar a vereador. Se ele vai? Não sei. Mas o problema apenas começou aí
e conforme a noite avançava foi piorando.
Com um discurso partidário decorado o rapaz começou a
fazer propaganda política – aliás, fora de época eleitoral permitida, o que
pode gerar problemas para o seu próprio candidato no TRE – e ofendeu um dos melhores fotógrafos da
cidade, um membro respeitado da sociedade blumenauense e uma das maiores
ativistas contra a corrupção que temos.
Se o fez por militância fanática, por ser
inadvertidamente massa de manobra política ou se está sendo pago para isso, não
importa: fez errado. Não é com ataques pessoais que se defende uma ideia. Não é
num espaço contra corrupção que se faz propaganda política.
Esses espaços podem – e devem – ser usados para enunciar
ações parlamentares suspeitas. E os políticos, como foi citado nos próprios
comentários da postagem, estão convidados para ingressar no grupo e se defender
daquilo que são acusados. Na verdade o povo até espera que façam isso. Mas não
da forma que foi feito: por terceiros e com ataques pessoais.
Eu, particularmente, já publiquei críticas duras tanto
contra a bancada governista quanto contra a oposição. Mas é necessário sempre
se ter embasamento para isso.
Cito o exemplo do Consórcio SIGA. É asqueroso o que fazem
em nossa cidade e em cada deslize deles, espero estar lá para registrar. Não
conheço a pessoa do Humberto Sackl – presidente da ‘empresa’, portanto não
posso – e nem vou – fazer críticas em relação a pessoa dele, que talvez seja
alguém excelente, inclusive. Mas posso – e vou – criticar as atitudes que sua
autarquia tem e as posturas que ele demonstra em público, ignorando o povo que
serve.
Isso é crítica: jamais pessoal, sempre baseada em um fato
e apenas no fato.
Caso contrário, como já foi anteriormente citado, cai no
Complexo do Revolucionário Cego: aquele que não tem argumentos, mas refuta
violentamente qualquer ideia que divirja da sua sem sequer considerar sua
plausibilidade.
Isso, ademais, é o argumento do vigarista: atacar a
pessoa de quem partiu a ideia ao invés de questionar a ideia a confrontando com
fatos divergentes.
Vamos discutir política? Vamos. Mas com menos politicagem
e mais civilidade.
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