A Oktoberfest a cada ano inova e cresce mais, a Magia de
Natal estreou já como um sucesso arrebatador com repercussão no Brasil inteiro,
os números da Sommerfest foram tão altos em 2012 que surpreenderam
positivamente até a administração da Vila Germânica.
Isso sem contar com as festas que estão por vir – como a
Vorfest, o Festival Nacional da Cerveja, a Tortenfest, o Stammtisch ou o recém
lançado Emprefest – e as feiras que aquecem a economia de nossa região, como a
Texfair, Pack Print & Sign, Fematex, Febratex e FenaHabit. Isso tudo,
claro, atrai turistas e investidores.
Mas a pergunta que fica entalada na garganta é: com
tantas datas turísticas pelo ano, por que nossa cidade negligencia a atenção
devida ao carnaval?
Muitos dizem que é porque nosso foco está nas raízes
germânicas, o que não se confirma se considerarmos o investimento em festas
como a Festitália – obviamente destinada à cultura italiana. Outros afirmam que
a Oktoberfest é o nosso carnaval, para a fúria dos tradicionalistas que jamais
vão querer transformar nossa celebração cultural em uma micareta.
O fato é que a Oktober é a segunda maior festa popular do
Brasil. O Carnaval é a primeira.
Se a ideia é trazer turistas – e os manter aqui durante o
ano inteiro – por que deixar uma data tão emblemática para o Brasil passar em
branco? Por que não utilizar essa marca que é internacionalmente reconhecida
para atrair novos visitantes à nossa linda cidade?
Muitos blumenauenses apreciam o Carnaval e a esses resta
ir para o litoral onde as prefeituras investem em festas grandiosas e têm um
retorno milionário com isso.
Quando o ano começou eu, particularmente, sequer sabia
que existiam Escolas de Samba aqui. Sabia que havia bailes em salões e que
teria pela primeira vez um trio elétrico apenas porque empresários tomaram a
iniciativa para fazer aquilo que o Poder Público não estava fazendo.
Para o meu espanto, existe sim uma Escola de Samba: a
Mocidade Nega Tereza.
Formada por moradores do Salto do Norte que se unem para
fazer o desfile carnavalesco com carro alegórico, bateria, porta-bandeira e mestre-sala
já há seis anos, a Mocidade não conta com apoio algum além do patrocínio de
comerciantes locais e a dedicação de moradores voluntários que passam o ano
inteiro preparando a festa.
Organizado pelo sambista Amaro da França, por Diana Salim
Sena e por uma gama de outros voluntários, o desfile reúne centenas de
moradores que acompanham a bateria por quilômetros noite adentro e ao som de um
samba-enredo próprio.
A Equipe do BLUMENEWS teve a honra de acompanhar o
desfile desse ano e presenciar um carnaval familiar e decente – diferente daquilo
que a televisão mostra em outros lugares – com a comunidade em peso sambando,
cantando e fazendo o Carnaval de Blumenau acontecer mesmo quando o Poder
Público parece torcer o nariz para a data.
Esse ano, o samba-enredo da Mocidade Nega Tereza – de autoria
de Dime da Mocidade – fala sobre esse preconceito que a festa sofre, em belas
frases como “Cada data é uma festa”.
Se lá no Salto do Norte – bem longe do Centro e da
divulgação maciça da mídia – o desfile pôde reunir cerca de 300 pessoas,
imagine então quanta gente não teria reunido se tivesse acontecido em frente à
Vila Germânica e com apoio financeiro adequado?
Lembro que uma das prioridades da Secretaria de Turismo
de Blumenau é manter o turista aqui o máximo de tempo possível: algo, de fato, muito
inteligente. Essa é a razão de tantas festas próximas umas das outras. E não
seria ideal aproveitar o fato de o final da Sommerfest praticamente emendar com
o Carnaval? Mais uma razão para o turista ficar.
Mas da forma que temos feito, tudo que conseguimos é
transformar nossos próprios conterrâneos blumenauenses em turistas de cidades
que investem em ótimas festas de carnaval, como é o exemplo de Navegantes.
Esse ano parece que começamos: tivemos um trio elétrico.
Mas o Carnaval é muito mais do que simplesmente imitar o conceito explorado
incansavelmente pela Bahia.
Será que não existem outras Escolas de Samba na cidade?
Com a chegada de tantas pessoas de estados diferentes à Blumenau, com certeza –
se ainda não existem – logo existirão. Por que não investir em um desfile
bonito por alguma avenida? Claro que todas as cidades fazem isso, portanto não seria exatamente um diferencial
positivo. No entanto, se todas as cidades fazem é um diferencial negativo não
fazê-lo também. Sem o bom, como garantir o ótimo?
O fato é que a Mocidade Nega Tereza está de parabéns por
uma festa tão bonita, civilizada, decente e digna como a que organizaram. Assim
como a comunidade do Salto do Norte merece todo o respeito por conseguir, sem
apoio nenhum, tal façanha.
Eu pessoalmente não aprecio Carnaval ou Futebol e,
portanto, sempre que me perguntava qual era o meu time e qual minha Escola de
Samba, eu nunca sabia o que dizer. Hoje posso afirmar categoricamente que meu
time é a Clube Atlético Metropolitano – o Verdão de Blumenau – e que minha
Escola de Samba é a Mocidade Nega Tereza.
E não importa o que te digam: em Fevereiro tem Carnaval,
sim. E mesmo que você não tenha um fusca, um violão e nem seja Flamengo, existe
uma Nega chamada Tereza lá no Salto do Norte esperando para sambar com você
pela avenida.
Abaixo uma galeria com 155 fotos da festa, um vídeos e a
letra do samba-enredo:
É Carnaval, de
raiva
Vão baba
Vão se morder
Porque Nega Tereza
Na Mocidade
Vai Fazer o Chão
Tremer
Ó Nega...
Nega Tereza
Veio de Longe
No balaio de nana
Entre linhas e
farrapos
Virou uma boneca
Que deu vida ao
Carnaval de Blumenau
És a cabrocha, és
rainha
Feita de pano
Recheio de algodão
Olho de vidro
Sapatinho de
cristal
Nasceu no Salto do
Norte
Pra brilhar no
Carnaval
Salve, salve
Salve, salve
Nega Terê
Na Mocidade
A magia é você
Salve, salve
Salve, salve
Nega Terê
Na Mocidade
A magia é você
Ai Blumenau
Abre os braços para
a alegria
Cada data é uma
festa
Deixa a Mocidade
passar
Sambadiando na
avenida
Eu tô que tô feliz
Ao ver meu sonho
virar realidade e encantar
Este meu povo sem
preconceito
Que desce o morro
Sobe ladeira
E vem comigo
Carregar essa
bandeira
Não é feitiço
É só magia
Venha brincar nessa
folia
É Nega Tereza
Na Mocidade unindo
as raças
Para brincar nessa
alegria.
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