Ao contrário de outras cidades nas quais vereadores
levaram ‘ovadas’, em Blumenau o protesto foi muito mais civilizado.
A reunião começou atrasada e o único que já esperava no
plenário era o vereador Vanderlei de Oliveira (PT), sendo que outros – como Marcelo
Schrubbe (DEM) e Zeca Bombeiro (PDT) chegaram praticamente no final dos
trabalhos da Casa, seja lá quais foram seus motivos.
Chamado ao púlpito, o Sr. Rui Basílio – organizador do
movimento que visa minar a corrupção em Blumenau – fez um belíssimo discurso no
qual afirmou que todas as reuniões parlamentares deveriam ser como a de hoje:
repleta de cidadãos, ao invés de ocorridas em sigilo e ocultas pela calada da
noite.
Visivelmente incomodado, o presidente da Câmara Jovino
Cardoso (DEM), concedeu mais um minuto para o senhor Basílio.
De qualquer forma a crítica foi feita, endossada por
dezenas de placas com o escrito ‘vergonha’ e com uma grande salva de palmas no
final.
Apesar de o ato de repúdio da população blumenauense lá
representada pelos manifestantes, não houve um único parlamentar que tenha tido
sequer a correção e o respeito para com seus eleitores para se pronunciar sobre
o ocorrido: mesmo que para pedir desculpas ou justificar o ato. Nenhuma única
palavra foi dita e a reunião continuou.
Após a saída da representante dos CONSEGs, houve vaias
por parte dos manifestantes que alegavam que ela representava uma instituição
com ligações ao presidente da Casa e que sua aparição lá fora meramente para
retirar o pouco de tempo que os manifestantes tinham.
Contudo, o que mais causou espanto, foi o discurso do
professor João Natel – reitor da FURB – que falou por aproximadamente dez
minutos (ou mais) sem ter sido interrompido uma única vez, enquanto todos os demais
cidadãos que subiram ao púlpito – incluindo um pastor evangélico – tiveram tempo
limitado para se expressar.
Com o silêncio sobre a polêmica, os parlamentares da casa
apenas fazem com que suas intenções pareçam cada vez mais pérfidas.
Um abaixo-assinado com cerca de três mil assinaturas
rodou todo o mês de Janeiro e agora os manifestantes irão entrar na Justiça
para invalidar o aumento de salário dos vereadores de Blumenau. Muitos defendem
que, se há dinheiro sobrando nos cofres públicos, existem aplicações muito mais
dignas do que aumentar os já altos salários dos parlamentares.
Se eles merecem ou não um aumento? A questão é muito
complexa e dependerá demais do ponto de vista de cada um. Mas é inquestionável
que a forma como aprovaram esse aumento para si mesmo foi imoral, inaceitável e
avessa a conceitos como Democracia e Transparência.
Aos que não sabem, a Ditadura acabou nos anos 80.
Sem mencionar a ideia torpe que voltou a ser discutida no
plenário sobre comprar um carro para cada parlamentar, pois o gasto que eles
têm é ‘muito alto’.
Claro que existe, no mundo corporativo, o conceito de indústrias
que cedem carros aos seus executivos para que estes não tenham gastos pessoais
com seu trabalho. A controvérsia se torna gritante se lembrarmos que muitas
estamparias da cidade – que é um pólo da indústria têxtil – não têm aventais ou
jalecos aos seus funcionários o que, aliás, é um direito sindical. Que tal
comprarmos roupas novas para todo mundo?
Ironias à parte, convenhamos: a ideia pode não ser das
mais absurdas, mas numa época em que acabou de estourar um escândalo com o uso
de carros oficiais (até agora não explicado) sugerir isso só pode ser piada,
oportunismo ou a mais plena certeza da impunidade.
Abaixo um vídeo do Sr. Ruy Basílio e, logo depois, várias
fotografias do protesto.
Parabéns à todas as pessoas que conseguem se indignar e se mobilizar em prol dos interesses coletivo. Sem isso não teremos éetica e moral na política brasileira nunca. Aqui, em São José do Rio Preto, temos o Movimento Popular #VERGONHARIOPRETO que começou essa luta em agosto de 2011 e continua, com algumas vitórias. Somente unidos somos fortes!!!
ResponderExcluir