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sexta-feira, 16 de março de 2012

Avenida Beira-Rio sofre com o abandono público



Algo que soa mais desrespeitoso para um governo – seja ele Federal, Estadual ou Municipal – do que acreditar que o povo ao qual em tese representa é imbecil, é tratá-lo como tal.

No ano de 2010 a cidade de Blumenau sofreu uma tragédia composta por enchente, enxurradas, deslizamentos e uma explosão de gasoduto muito mal explicada. A cidade, como era de se esperar, estava em frangalhos depois disso.

A administração pública – desesperada por encorajar os turistas a continuarem vindo para a cidade e, aparentemente, despreocupada em perder o último resquício de dignidade que ainda lhe restava – fez uma maciça (e certamente onerosa) campanha publicitária cujo slogan dizia: “Blumenau continua linda”, ou algo assim.

Essa frase por si só já soava ridícula lá em 2008 quando reparávamos no buraco gigantesco que se abriu em frente ao SESI, na cratera que parecia querer engolir a Rua das Missões e a margem direita bem em frente ao Castelinho da Moelmann (hoje Havan), que estava desabando.

Se era uma piada sem graça ou apenas um péssimo e barato senso de oportunidade, não sabemos.

O fato é que quatro anos se passaram e, sim, quatro anos é exatamente o tempo que dura um mandato público: seja ele de prefeito, vereador, deputado, governador, presidente, etc.

O governador Raimundo Colombo esteve aqui em Fevereiro e um belo circo foi armado para a imprensa cobrir e o eleitor engolir. O ‘Plano contra Cheias’ que vai consumir R$ 512 milhões e levar o tempo absurdo de três anos e meio. Sussurrava-se também sobre a revitalização da Margem Esquerda do rio e sua importância em diversos bairros.

Senhores: sequer no Centro da cidade essa margem foi arrumada. Nem mesmo os troncos de árvore caídos foram removidos. Casas belíssimas estão condenadas e até mesmo um edifício corre sério risco se nada for feito.

Enquanto isso, aquele pedacinho de Margem Direita que havia desmoronado há quatro anos continua lá, mas agora virou um naco enorme na frente do Castelinho: o ponto turístico mais fotografado de Santa Catarina. E alguns metros depois, na mesma margem, a enchente do ano passado devastou a outra ponta da cabeceira direita da ponte. Nem as réguas de medição ainda existem. E o que a prefeitura faz? Revitaliza a Rua XV de Novembro.

Deixando de lado dicionários de papel e indo aos virtuais, onde qualquer internauta pode acessar: revitalização, segundo o www.dicio.com é um conjunto de medidas capazes de dar novo impulso ou maior eficiência a algo. Ou seja, não é repintar e trocar tábuas quebradas em bancos.

Mas deixando a ‘revitalização’ da XV de lado: e as duas margens do Centro? Vamos deixar desabar?

Como se não bastasse, um planejamento precário (que acabou fazendo parte da Beira-Rio de desfazer e precisar ser refeita) com materiais de péssima qualidade fazem essa reforma feita naquela avenida e começada na administração anterior parecer mais um trabalho amador.

Dá uma forte ventania – que de fato até derrubou telhados de postos de gasolina – e uma árvore é arrancada, batendo contra as grandes de proteção do rio e envergando-as como se fossem de silicone. Ironicamente a parte da avenida feita na administração anterior não desabou e não teve nenhum problema que pareça originar-se de matéria prima barata.

E até agora nada foi feito: a grade virou um buraco quase em frente à Praça da Flamingo e ninguém sequer se preocupou com a segurança dos pedestres. Como ainda estamos em Março, acho que os turistas também são desimportantes para a administração pública.

Tudo isso sem mencionar árvores e postes plantados no meio daquilo que, em tese, deveria ser uma ciclofaixa ou a faixa podotátil passar rente a buracos de árvores sem nenhum grande de proteção. Prefeito João Paulo Kleinübing, é com pesar que lhe informamos que se algum deficiente visual se ferir por isso (considerando que avisamos mais de uma vez) a responsabilidade vai ser inteiramente da prefeitura e por negligência.

Está é a nossa Avenida Beira-Rio: enquanto cidades transformam seus rios em atrações turísticas, nós estamos aqui observando enquanto nossas terras se derretem na água.

Então, digam o que quiserem, mas sem essa de “Blumenau continua linda”, por que, sinceramente, ela está feia, mal cuidada, com obras de péssima qualidade, violenta e com um trânsito incompatível com uma cidade deste tamanho.

E se duvidam que a obra da Beira-Rio é ruim, vão até a parte que está sem grades e olhem em direção à ponte da Ponta Aguda: além das estacas de madeira que nem deveriam mais estar escorando a rua, percebam que a calçada está literalmente torta.

Lamentável. Essa cidade era linda.























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