Algo que soa mais desrespeitoso para um governo – seja ele
Federal, Estadual ou Municipal – do que acreditar que o povo ao qual em tese
representa é imbecil, é tratá-lo como tal.
No ano de 2010 a cidade de Blumenau sofreu uma tragédia
composta por enchente, enxurradas, deslizamentos e uma explosão de gasoduto
muito mal explicada. A cidade, como era de se esperar, estava em frangalhos
depois disso.
A administração pública – desesperada por encorajar os
turistas a continuarem vindo para a cidade e, aparentemente, despreocupada em
perder o último resquício de dignidade que ainda lhe restava – fez uma maciça
(e certamente onerosa) campanha publicitária cujo slogan dizia: “Blumenau continua linda”, ou algo
assim.
Essa frase por si só já soava ridícula lá em 2008 quando
reparávamos no buraco gigantesco que se abriu em frente ao SESI, na cratera que
parecia querer engolir a Rua das Missões e a margem direita bem em frente ao
Castelinho da Moelmann (hoje Havan), que estava desabando.
Se era uma piada sem graça ou apenas um péssimo e barato
senso de oportunidade, não sabemos.
O fato é que quatro anos se passaram e, sim, quatro anos
é exatamente o tempo que dura um mandato público: seja ele de prefeito,
vereador, deputado, governador, presidente, etc.
O governador Raimundo Colombo esteve aqui em Fevereiro e
um belo circo foi armado para a imprensa cobrir e o eleitor engolir. O ‘Plano
contra Cheias’ que vai consumir R$ 512 milhões e levar o tempo absurdo de três
anos e meio. Sussurrava-se também sobre a revitalização da Margem Esquerda do
rio e sua importância em diversos bairros.
Senhores: sequer no Centro da cidade essa margem foi
arrumada. Nem mesmo os troncos de árvore caídos foram removidos. Casas
belíssimas estão condenadas e até mesmo um edifício corre sério risco se nada
for feito.
Enquanto isso, aquele pedacinho de Margem Direita que
havia desmoronado há quatro anos continua lá, mas agora virou um naco enorme na
frente do Castelinho: o ponto turístico mais fotografado de Santa Catarina. E
alguns metros depois, na mesma margem, a enchente do ano passado devastou a
outra ponta da cabeceira direita da ponte. Nem as réguas de medição ainda
existem. E o que a prefeitura faz? Revitaliza a Rua XV de Novembro.
Deixando de lado dicionários de papel e indo aos
virtuais, onde qualquer internauta pode acessar: revitalização, segundo o www.dicio.com é um conjunto de medidas capazes
de dar novo impulso ou maior eficiência a algo. Ou seja, não é repintar e
trocar tábuas quebradas em bancos.
Mas deixando a ‘revitalização’ da XV de lado: e as duas
margens do Centro? Vamos deixar desabar?
Como se não bastasse, um planejamento precário (que
acabou fazendo parte da Beira-Rio de desfazer e precisar ser refeita) com
materiais de péssima qualidade fazem essa reforma feita naquela avenida e
começada na administração anterior parecer mais um trabalho amador.
Dá uma forte ventania – que de fato até derrubou telhados
de postos de gasolina – e uma árvore é arrancada, batendo contra as grandes de
proteção do rio e envergando-as como se fossem de silicone. Ironicamente a
parte da avenida feita na administração anterior não desabou e não teve nenhum
problema que pareça originar-se de matéria prima barata.
E até agora nada foi feito: a grade virou um buraco quase
em frente à Praça da Flamingo e ninguém sequer se preocupou com a segurança dos
pedestres. Como ainda estamos em Março, acho que os turistas também são
desimportantes para a administração pública.
Tudo isso sem mencionar árvores e postes plantados no
meio daquilo que, em tese, deveria ser uma ciclofaixa ou a faixa podotátil
passar rente a buracos de árvores sem nenhum grande de proteção. Prefeito João
Paulo Kleinübing, é com pesar que lhe informamos que se algum deficiente visual
se ferir por isso (considerando que avisamos mais de uma vez) a
responsabilidade vai ser inteiramente da prefeitura e por negligência.
Está é a nossa Avenida Beira-Rio: enquanto cidades
transformam seus rios em atrações turísticas, nós estamos aqui observando enquanto
nossas terras se derretem na água.
Então, digam o que quiserem, mas sem essa de “Blumenau
continua linda”, por que, sinceramente, ela está feia, mal cuidada, com obras
de péssima qualidade, violenta e com um trânsito incompatível com uma cidade
deste tamanho.
E se duvidam que a obra da Beira-Rio é ruim, vão até a
parte que está sem grades e olhem em direção à ponte da Ponta Aguda: além das
estacas de madeira que nem deveriam mais estar escorando a rua, percebam que a
calçada está literalmente torta.
Lamentável. Essa cidade era linda.
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