Enquanto a prefeitura de Blumenau continua investindo
quantias exorbitantes em soluções questionáveis para o trânsito que beneficiam
apenas uma empresa de ônibus que já demonstrou claramente seu desdém pelos
usuários, o problema continua.
Ao norte da cidade – em tese o futuro Centro de Blumenau –
foi investida uma verdadeira fortuna na construção de um viaduto que não resolveu
em absolutamente nada o problema do trânsito na região. Não muito distante
dele, na Via Expressa, a ponte recém-inaugurada já despontava defeitos e falhas
estruturais visíveis logo no seu dia de estréia.
No outro exremo – no Vorstadt – filas que são
literalmente quilométricas se formam pelo menos duas vezes ao dia por causa da
Ponte dos Arcos: algo que todos sabem, comentam, criticam, mas que nada o Poder
Público faz.
Um pouquinho mais pra cima, no Anel Viário, o asfalto da
ponte está desgastado e o próprio pavimento do lugar tem rachaduras profundas.
Dezenas de caminhões enormes passam por lá todos os dias e as elevações de
asfalto fazem com que eles ‘pulem’ causando impactos que podem criar danos estruturais
severos. O BLUMENEWS já havia dito isso há meses, mas aparentemente a
administração pública só vai tomar vergonha na cara e fazer algo quando a ponte
cair.
Para eles agora a solução é o transporte coletivo!
Esses ônibus comprados de segunda-mão de uma empresa de
Curitiba e repintados para parecer novos e as péssimas estações de
pré-embarque: ou aquários.
Essas estações, para começo de conversa, ferem um dos
mais importantes princípios dos Direitos Humanos, que é a dignidade da pessoa
humana. Nesses locais – que custaram cerca de R$ 150 mil – não existe banheiro
para os cobradores que trabalham muitas vezes horas além do que deveriam, nem
água ou segurança.
As portas de várias dessas estações quebram com
facilidade e assim ficam por semanas. Convidados a assistir o risco, passamos uma
hora em uma delaa e presenciamos DUAS situações nas quais pessoas tentavam entrar
pelas portas quebradas. Uma dessas pessoas correu real risco de atropelamento.
Que o Consórcio SIGA não se importa com a condição
econômica de seus CLIENTES já ficou bastante claro quando tentaram impor aquele
teatral e fictício aumento de 35%. Mas é inadmissível que sequer se importem
com a segurança dos seus passageiros. Ainda mais depois de conseguirem um
aumento cujo mérito é, no mínimo, duvidoso.
Na noite desta segunda-feira (12/03) um rapaz de 16 anos
foi baleado duas vezes dentro do Terminal Fonte. A cena já ocorreu em quase todos
os terminais da cidade e a pergunta que fica é: onde está a segurança para
funcionários e usuários.
A Polícia Militar não tem a obrigação de fazer a
segurança dos terminais porque esses, hoje em dia, são propriedade particular
do Consórcio SIGA. Então quem impedirá os crimes e as brigas?
Será que implantar corredores de ônibus em regiões onde
notadamente o empreendimento mais tem atrapalhado o trânsito do que ajudado e
numa ação que – pelo menos por enquanto – tem beneficiado apenas um consórcio
cuja regularidade do próprio processo de licitação até hoje ainda é questionada
é uma forma real de ajudar a aliviar o problema?
Os ciclistas de Blumenau – cuja alternativa de locomoção
é a mais ambientalmente correta – são outras vítimas disso, que mais parece uma
indústria do trânsito na cidade.
Nossas ciclovias começaram a ser implementadas na
administração anterior à atual e as novas são, no mínimo, deprimentes. Em
alguns trechos elas são inutilizáveis e em outros tem até mesmo obstáculos como
árvores ou postes no caminho, obrigando o ciclista a sair dela.
Mas o que está transcrito nesse texto não são apenas
meras palavras sem provas cabíveis: no dia 29 de Fevereiro a Sra. Wilma Gaulke
de 61 anos foi atropelada por um ônibus quando pedalava na SC-474, uma semana
depois os membros da ABC Ciclovias fizeram uma manifestação por mais segurança
no trânsito e em solidariedade à família de dona Wilma. Contudo na noite de
segunda-feira (12/03) mais um acidente ocorreu e o ciclista Elvis Przygoba teve
o braço decepado por um automóvel com placas de Timbó na Via Expressa.
Daí se criou uma polêmica forçada sobre os ciclistas que
pedalam na Via Expressa sem que ao menos os criadores de tal polêmica levassem
em consideração que o próprio Código Brasileiro de Trânsito – em seu artigo 58 –
permite que os ciclistas trafeguem no asfalto (desde que não seja na contramão)
quando não há ciclovia, ciclofaixas ou acostamento.
Sim: o acostamento pode ser usado por ciclistas e pedestres,
mas não por motoristas com pressa que querem furar as filas, como é tão comum por
aqui.
E é justamente por isso que damos os parabéns à Polícia
Rodoviária Federal de Santa Catarina que realizou um plantão nesta terça (13/03)
no km 52 da BR-470 e em apenas uma hora de fiscalização multou 83 veículos que
transitavam pelo acostamento num total de cerca de R$ 47 mil de multas.
Os mais reacionários podem alegar que isso é a indústria
da multa trabalhando, mas a verdade é que se não houvesse a punição financeira
ninguém aprenderia. Ao contrário da Prefeitura Municipal de Blumenau, do SETERB
e principalmente do Consórcio SIGA – que estão prestando um desserviço ao
trânsito de nossa cidade – instituições como a Polícia Rodoviária Federal e a
ABC Ciclovias estão, de fato, lutando por vias mais trafegáveis.
Fica aqui os parabéns às duas instituições e o lamento
pelo Poder Público Municipal que, apesar de precisar defender os interesses da
população, mais se importa com os próprios.
Nota: há uma
fotografia circulando pela Internet do rapaz que foi baleado no Terminal Fonte,
mas a Equipe do BLUMENEWS – evitando o sensacionalismo e a publicação de
imagens chocantes – se reservou o direito de não publicar tal imagem.
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